domingo, 14 de julho de 2013

DOPING NO ATLETISMO: TYSON GAY, ASAFA POWELL E SHERONE SIMPSON REPROVADOS EM EXAMES


DOPING NO ATLETISMO: TYSON GAY, ASAFA POWELL E SHERONE SIMPSON REPROVADOS EM EXAMES ANTIDOPONG.


O Atletismo ficou em choque neste Domingo com a divulgação dos nomes de 3 grandes atletas do cenário internacional envolvidos em casos de doping. Nada menos do que o norte-americano Tyson Gay, ganhador de 3 medalhas de ouro no mundial de 2007, e os jamaicanos Asafa Powell, ex-recordista mundial dos 100m, e Sherone Simpson, prata nos 100m nos Jogos Olímpicos de 2008,  foram reprovados em exames antidoping. Gay teve amostra colhida em 16 de Maio, enquanto os jamaicanos foram testados durantes as seletivas do país para o mundial de Moscou, a ser disputado em Agosto.
A relação do esporte de alto rendimento com o uso de substâncias ilegais para melhoria da performance tem sido cada vez mais revelada conforme os exames vão evoluindo. Recentemente, 4 medalhistas olímpicos dos Jogos Olímpicos de 2004 tiveram suas medalhas cassadas após um novo exame, com nova tecnologia, 8 anos após suas conquistas. Além disso, resultados dos campeonatos mundiais também têm sido constantemente alterados quando novos casos de doping ou mesmo confissões tem sido realizadas pelos próprios atletas, notadamente nos EUA, já que a confissão pode diminuir a punição legal para os envolvidos. Entretanto, o grande escândalo de doping da história do esporte talvez venha do Ciclismo e simplesmente envolveu aquele que era considerado um dos maiores ciclistas da história, o norte-americano Lance Armstrong, 7 vezes vencedor da badalada Volta da França, de 1999 a 2005. Armstrong havia superado um câncer no testículo antes de sua sequência de vitórias na prova francesa. Era considerado a grande estrela esportiva mundial e exemplo de superação. Mas em Junho de 2012 ele foi formalmente acusado e diante de provas dos exames de 2009 e 2010 e das confissões de ciclistas que estavam em sua equipe, Armstrong reconheceu seu doping e foi destituído de todos seus prêmios desde 1998. Porém, ele não foi pêgo em qualquer exame realizado no período em que foi vencedor. O pior nisso tudo foi e é a repercussão entre os fãs, que hoje se sentem enganados e que descobrem que toda a alegria que tiveram com as vitórias de seu ídolo Armstrong não passaram de fraude, mentira, ilusão. E esse é o grande perigo que ronda o esporte de alto rendimento, pois à medida que a descrença aumenta não há porque as pessoas procurarem ídolos esportivos, pois não querem consumir algo ilusório, que lhes será tomado cedo ou tarde.


Eu acompanho com muita tristeza os casos de doping e enquanto não houver um meio de se detectar os competidores antes das disputas, os fãs do esporte estarão fadados a serem vítimas de fraudes, a gastarem desnecessariamente seu ânimo em torcer para competidores que correrão o risco de serem posteriormente desclassificados. Quando a desclassificação ocorre logo após a disputa, a sensação de ser enganado parece menos dolorosa, pois o assunto já se resolve na hora. Porém, quando os atletas são desclassificados anos depois de suas conquistas a sensação de frustração parece ser maior, pois aqueles resultados já estavam sedimentados no imaginário dos fãs.
O esporte mundial tem presenciado vários casos de doping que têm devastado a confiança no esporte de alto rendimento. O primeiro grande caso de doping com repercussão negativa foi o do canadense Ben Johnson, que venceu a prova de 100m nos Jogos Olímpicos de 1988 com um recorde mundial de 9.79s, deixando bem atrás o norte-americano Carl Lewis. O confronto entre eles era visto como o grande evento daquela edição dos Jogos e o foi até o momento em que o canadense foi pêgo no exame antidoping e desclassificado. Porém, a ação ocorreu dentro dos Jogos. 


Já a norte-americana Marion Jones, ganhadora de 5 medalhas, 3 de ouro e 2 de bronze, nos Jogos Olímpicos de 2000, em Sidney, embaraçou o mundo do Atletismo em Outubro de 2007 quando confessou ter se utilizado de doping para conquistar suas medalhas olímpicas. Jones foi desclassificada e os resultados tiveram que ser revistos. Porém, nas provas de revezamento as medalhas continuaram com os EUA, pois não havia previsão legal que adminstrasse fato parecido à época. O caso de Marion Jones, em minha opinião, foi muito mais frustrante do que o de Ben Jonhson, pois fez com que seus fãs, acostumados há anos com sua imagem vencedora, tivessem que lidar com uma situação que para eles já estava sedimentada em seu imaginário, a de que seu ídolo campeão não passava de uma fraude, e que sua empolgação com ela não passou de ilusão.


A mesma sensação pode ser considerada com relação à prova de arremesso de peso nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, na Grécia. Os organizadores quiseram realizar as disputas masculina e feminina nas ruínas da cidade histórica de Olímpia. Na disputa feminina a russa Irina Korzhanenko obteve a medalha de ouro, mas foi posteriormente desclassificada por uso de doping. A medalha de ouro acabou ficando com a cubana Yumileidi Cumbá. Na prova masculina, ocorreu uma das maiores disputas da história, com o ucraniano Yuriy Bilonog e o norte-americano Adam Nelson terminando empatados em 21.16m. Porém, o ucraniano ficou com a medalha de ouro por possuir o segundo lançamento mais longo, já que o norte-americano havia queimado todas as suas outras tentativas. A disputa entre ambos foi memorável. Entretanto, oito anos depois, exames mais precisos detectaram que o ucraniano estava dopado, ele acabou desclassificado, e a medalha de ouro acabou ficando com Nelson. Logo, toda aquela emoção, todo aquele cenário, hoje, 8 anos depois, não passou de uma grande fraude.


Não seria surpresa que daqui a alguns anos nos deparássemos com notícias acusando doping do grande nadador norte-americano Michael Phelps, ganhador de 22 medalhas olímpicas, 18 de ouro, ou do corredor jamaicano Usain Bolt, detentor de 6 medalhas de ouro no Atletismo. Seria a desmoralização completa do esporte de competição. É uma situação em que as Federações Internacionais ficam numa situação difícil, pois, de um lado, devem procurar mecanismos mais eficientes para combater o doping em suas respectivas modalidades, mostrando que as mesmas são limpas. Porém, por outro lado, à medida que a eficiência dos novos exames começa a detectar seus respectivos ídolos, passam a ter ameaçadas a admiração e a adesão dos torcedores e patrocinadores aos seus eventos.

Infelizmente a natureza humana é assim. Não são todos que ingressam numa competição procurando respeitar as regras e competir em condições de igualdade, pelo menos as dispostas nos regulamentos. Sempre há aqueles que querem vencer a qualquer custo, não só no meio esportivo, mas principalmente no meio empresarial e social. O esporte somente reflete essa tendência humana em burlar regras. Há correntes que defendem o não controle do doping por parte das federações, alegando que os atletas deveriam ser responsáveis pelas substâncias que ingerirem em seus corpos, pois o controle não está diminuindo as ocorrências, pelo contrário, só está escancarando à opinião pública toda a sujeira que há por trás do esporte de alto rendimento. Sem controle, a disputa talvez fôsse mais justa. Outros defendem que o esporte deve trazer aos torcedores a imagem de saúde, de bem-estar, que os atletas deveriam ser exemplos para a sociedade. Compartilho da segunda opinião, embora reconheça que isso está muito longe de ocorrer. As federações internacionais precisariam dispor de técnicas antidopagem mais eficazes, que já retirasssem o atleta de cena antes mesmo da disputa ou logo após a realização da mesma. Enquanto isso não ocorrer, estaremos sujeitos a torcer por fraudes, como Lance Armstrong, Marion Jones ou Yuriy Bilonog, e a vermos, nos próximos anos, ícones do esporte mundial, como o nadador norte-americano Michael Phelps e o corredor jamaicano Usain Bolt, saírem da condição de heróis para a de meros fraudadores. Lamentavelmente, o doping está acabando com o esporte.       


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